domingo, 17 de julho de 2011

"A culpa é do treinador"

Será?

Vou comecar a serie de artigos mais ou menos "didáticos" que prometi para o período das férias por abordar este tema que é transversal a todas as equipas, tenham os jogadores o tamanho que tiveram, sejam as equipas que forem.

O problema da atribuição de culpas é geral, eu diria que faz parte da natureza humana: quando as coisas não correm bem, alguém tem que ser culpado. Algum tempo atrás defendi (na biografia do Nuno) a teoria de que quando se sofre um golo normalmente se atribui "a culpa ao guarda redes" mas essa é no momento -  a verdade é que no fim do jogo, da competição, do campeonato, da epoca, se o resultado não é o esperado, "a culpa é do treinador".

Mas será que é mesmo? É isso que me proponho tentar descobrir.... ou, pelo menos, "penetrar" no cerebro dos treinadores para conseguir perceber a sua linha de pensamentos, as suas intenções, no fundo, o seu Plano.

Na verdade, quando eu comecei a ver futebol, havia um sistema, o W M (presumo que já ninguém se lembre ou até saiba que ele existia - talvez o Zétò). Os treinadores eram pouco mais que "curiosos", antigos jogadores, que faziam o que podiam um bocado na base de "tudo a monte e fé em Deus" ou "meia volta e chuta". Nessa altura, os valores individuais faziam a diferença numa equipa - porque "equipa" eram apenas e só um grupo de jogadores.

Quando se pensa no assunto, a evolução dos ultimos anos, foi extraordinária. É verdade que as ultimas decadas têm sido de grande evolução em tudo, mas o futebol passou de arte a ciencia quase sem se dar por isso. Temos que efectivamente nos debruçar sobre o enorme trabalho, o muito estudo que tem sido feito sobre o tema para se perceber que já nada acontece em sistema de tudo-a-monte-e-fé-em-Deus (excepto talvez as pressões/agressões aos árbitros mas isso porque suponho que não fazem parte de nenhum plano de treino!)

Um dos lados visiveis desta mudança é a idade dos treinadores - cada dia que passa os treinadores de sucesso são mais jovens. Uns anos atrás a imagem de marca de um treinador era o "senhor barrigudo de cabelo branco" que tinha sido uma grande estrela numa qualquer equipa ou selecção. Hoje ainda temos alguns antigos jogadores, mas mais jovens - casos como Jorge Costa, Domingos, Paulo Bento, Inácio, mas cada vez mais temos treinadores que nunca foram estrelas - Mourinho será o caso mais emblemático, tal como Carlos Queirós, mas ainda na epoca que agora acabou vimos André Vilas Boas e Pedro Caixinha, entre outros, que nunca brilharam como jogadores mas ganharam um lugar como treinadores. Jovens. O que nos leva a concluir que a formação académica, o estudo da ciencia do futebol estão a dar frutos, a dar resultado. Que a aplicação na prática desta formação dá origem a equipas de sucesso onde cada vez menos há valores individuais e cada vez mais equipas como conjunto.

Visto isto, porque não nos debruçarmos ou pouco sobre as teorias que estes homens (tal como muitos outros) estudam, criam, desenvolvem e colocam em prática? felizmente, material é o que não falta e se se perceber qual a ideia talvez nos seja mais facil entender quais os objectivos que se pretendem atingir.

No nosso caso, que acompanhamos treinos e jogos dos nossos rapazinhos (são muitas horas, semanas, dias, meses) há muita coisa que vemos e não compreendemos, seja nos treinos, nos jogos, nas opções. No meu caso, acompanhei na epoca 2008/2009 o trabalho dos Prof João Crespo, Humberto e Vitor. Na epoca 2009/2010, os Prof Carlos, Nuno e João e na epoca que agora acabou os nossos bem conhecidos Prof Pedro e Alvaro. Verdade seja dita, a maior parte das vezes não percebi as razões de muitas opções, escolhas, decisões, tacticas... muitas vezes comentámos isso, no grupo de pais desta epoca. Como sou mulher, logo curiosa por natureza, quando não sei ou pergunto ou pesquiso.  Neste caso, como compreendem, perguntar não era opção, logo pesquisei.

 E descobri que não precisava de ir muito longe, mesmo dentro do Vitalis encontramos respostas a muitas das nossas questões. Existem publicações de dois treinadores que todos conhecemos, duma forma ou de outra os nossos meninos já trabalharam com eles - os Professores Jorge Maciel e Carlos Campos. Eventualmente existirão mais, mas eu debrucei-me para já sobre estas e é sobre estes trabalhos que vou "falar", com a devida autorização de ambos. Aqui fica expresso publicamente o meu agradecimento pela simpatia e disponibilidade que me demonstraram quando lhes fiz o pedido. Muito obrigada.

Devo dizer que para mim, esta leitura me tem aberto novos horizontes. Se eu tivesse feito isto um tempo atrás, quantas vezes teria poupado afirmações do genero "porquê que o Nuno mete sempre a bola ao Gonçalo?" - lembram-se desta, não? quantas vezes nós dissemos "porquê que ele insiste em fazer.." fosse o que fosse. Havia (e há) uma razão para essa insistencia. Há um plano, há um objectivo. Que no nosso caso, apesar de todas as duvidas que fomos expressando ao longo da epoca, resultou no 1º lugar da serie. Logo, resultou!

E para estas explicações, conto com a vossa paciencia. Prometo da minha parte fazer o melhor que puder e souber. Sei que vou ter ajuda, se em algum ponto me "perder". E acho que todos nós teremos algo a ganhar com isto. A todos posso garantir que me está a dar um grande prazer esta pesquisa.

Abraço amigo
Susana

P.S. O artigo sem imagens fica "chato" mas estou de ferias, a trabalhar com uma pen e não sei onde tenho o cabo do disco externo. Assim que conseguir, ilustro isto, prometo.

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